Para a construção do jardim filtrante, segundo
Silva (2013), deve-se inicialmente fazer uma caixa no solo com aproximadamente
1 m² de área superficial por habitante . Essa caixa deve possuir o fundo
impermeabilizado com uma geomembrana que consiste em uma manta de liga plástica, elástica e flexível como o PVC (policloreto de vinil), EPDM (Borracha de Etileno Propileno
Terpolímero) ou equivalente. Preferencialmente protegida por manta de
bidim que é uma manta geotêxtil de drenagem utilizada na construção civil.
Antes da entrada do Jardim Filtrante, deve ser instalada uma pequena caixa de
decantação (50 a 100 litros) que serve para retenção de sólidos e uma caixa de
gordura. Após percorrer essas caixas o liquido passará por uma tubulação em
forma de cachimbo conhecida popularmente como monge que também regula o nível
da água no jardim. As tubulações de entrada e saída serão em pontos opostos da
caixa.
A caixa deve então ser preenchida com brita e areia grossa que agem como filtros físicos para o material particulado,
sustentação para as plantas e na formação do biofilme que é um conjunto de
bactérias que crescem e formam uma espécie de capsula de proteção, que favorece relações simbióticas e permite a sobrevivência
em ambientes hostis, o biofilme é aderido ao meio suporte e as raízes
das plantas (Philippi et al, 2007; SILVA, 2013).
Para evitar que o escoamento
superficial turbulento da chuva conhecido popularmente como enxurrada entre no
sistema deve-se fazer uma pequena curva de nível em torno do jardim sobre a
geomembrana e o bidim. O jardim filtrante deve então ser saturado com água, mas
deve se evitar a formação de lamina d’ água para não permitir a procriação de
mosquitos (SILVA, 2013).
Em seguida insere-se plantas macrófitas aquáticas que agem
como absorvente de nutrientes e contaminantes durante o seu crescimento fazendo
assim a depuração da água. As plantas escolhidas devem
ser preferencialmente nativas da região onde o sistema está instalado. O mecanismo de filtração consiste na alimentação e
percolação contínua do esgoto através do meio suporte. Durante a
percolação, o esgoto entra em contato com regiões aeróbias e anaeróbias onde as
comunidades de microrganismos irão degradar a matéria orgânica e o nitrogênio.
O oxigênio solicitado é suprido pelas macrófitas e pela convecção e difusão
atmosférica. A camada aeróbia é mais evidente ao redor das raízes das
macrófitas, pois tendem a transportar oxigênio da parte aérea para as raízes. A contínua passagem dos esgotos nos interstícios
promove o crescimento e aderência da massa biológica na superfície do meio
suporte. A massa biológica agregada ao
meio suporte retém a matéria orgânica contida no esgoto, por meio da adsorção,
que é a adesão de moléculas de um fluído a uma superfície sólida. A produção
de novas células promove o aumento da biomassa, prejudicando a passagem de
oxigênio até as camadas internas, então ocorrerá o
tratamento dos contaminantes que só pode ser realizado em
meio anóxico. O sistema pronto é então ligado à
tubulação da casa recebendo a água cinza. A água que sai do sistema pode
ser descartada ou reutilizada na limpeza. Este modelo de jardim filtrante é para o saneamento básico rural, onde
apenas a água cinza é tratada (Nirenberg; Reis, 2010; Philippi et al, 2007).
A figura representa o esquema de como
ficará o jardim filtrante após a montagem:
O manejo
das plantas deve ser feito para evitar que as mesmas se reproduzam significativamente
e saturem o sistema. Podem ser colocadas flores
que suportem um meio saturado com água como copo de leite e lírio do brejo,
além de ornamentos como pedras brancas, para fim de paisagismo (SILVA, 2013).
Referências Bibliográficas:
Nirenberg, Larissa Paranhos; Reis, Ricardo Prado Abreu.
Avaliação do desempenho de sistema de reuso de água de uma edificação
unifamiliar em Goiânia- GO. Revista eletrônica de engenharia civil, v. 1,
1-13, fev 2010. Disponível em <http://goo.gl/0PfBsU>. Acesso em: 14 out. 2014.
Philippi, Luiz Sérgio, et al. Eficácia dos sistemas de tratamento de esgoto doméstico e
de água para consumo humano utilizando wetlands considerando períodos
diferentes de instalação e diferentes substratos e plantas utilizados. 62 f
Categoria do Trabalho Acadêmico (pesquisa científica)- Departamento de
Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade Federal de Santa Catarina, 2007.
Disponível em <file:///C:/Users/P%C3%A2mela/Downloads/Pesquisa%20sobre%20Eflentes%20Dom%C3%A9sticos%20-%20UFSC.pdf>. Acesso em: 14
out. 2014.
SILVA, Wilson Tadeu Lopes. Jardim Filtrante: O que é como funciona. In: Curso de saneamento
básico rural, 2013, São Carlos. Disponível em <http://goo.gl/TGzUCt>. Acesso em: 14 out. 2014.
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