terça-feira, 25 de novembro de 2014

Montagem e Funcionamento de um Jardim Filtrante

Para a construção do jardim filtrante, segundo Silva (2013), deve-se inicialmente fazer uma caixa no solo com aproximadamente 1 m² de área superficial por habitante . Essa caixa deve possuir o fundo impermeabilizado com uma geomembrana que consiste em uma manta de liga plástica, elástica e flexível como o PVC (policloreto de vinil), EPDM (Borracha de Etileno Propileno Terpolímero) ou equivalente. Preferencialmente protegida por manta de bidim que é uma manta geotêxtil de drenagem utilizada na construção civil. Antes da entrada do Jardim Filtrante, deve ser instalada uma pequena caixa de decantação (50 a 100 litros) que serve para retenção de sólidos e uma caixa de gordura. Após percorrer essas caixas o liquido passará por uma tubulação em forma de cachimbo conhecida popularmente como monge que também regula o nível da água no jardim. As tubulações de entrada e saída serão em pontos opostos da caixa.
A caixa deve então ser preenchida com brita e areia grossa que agem como filtros físicos para o material particulado, sustentação para as plantas e na formação do biofilme que é um conjunto de bactérias que crescem e formam uma espécie de capsula de proteção, que favorece relações simbióticas e permite a sobrevivência em ambientes hostis, o biofilme é aderido ao meio suporte e as raízes das plantas (Philippi et al, 2007; SILVA, 2013).
Para evitar que o escoamento superficial turbulento da chuva conhecido popularmente como enxurrada entre no sistema deve-se fazer uma pequena curva de nível em torno do jardim sobre a geomembrana e o bidim. O jardim filtrante deve então ser saturado com água, mas deve se evitar a formação de lamina d’ água para não permitir a procriação de mosquitos (SILVA, 2013).

Em seguida insere-se plantas macrófitas aquáticas que agem como absorvente de nutrientes e contaminantes durante o seu crescimento fazendo assim a depuração da água. As plantas escolhidas devem ser preferencialmente nativas da região onde o sistema está instalado. O mecanismo de filtração consiste na alimentação e percolação contínua do esgoto através do meio suporte. Durante a percolação, o esgoto entra em contato com regiões aeróbias e anaeróbias onde as comunidades de microrganismos irão degradar a matéria orgânica e o nitrogênio. O oxigênio solicitado é suprido pelas macrófitas e pela convecção e difusão atmosférica. A camada aeróbia é mais evidente ao redor das raízes das macrófitas, pois tendem a transportar oxigênio da parte aérea para as raízes. A contínua passagem dos esgotos nos interstícios promove o crescimento e aderência da massa biológica na superfície do meio suporte.  A massa biológica agregada ao meio suporte retém a matéria orgânica contida no esgoto, por meio da adsorção, que é a adesão de moléculas de um fluído a uma superfície sólida. A produção de novas células promove o aumento da biomassa, prejudicando a passagem de oxigênio até as camadas  internas,  então ocorrerá o tratamento dos contaminantes que só pode ser realizado em meio anóxico. O sistema pronto é então ligado à tubulação da casa recebendo a água cinza. A água que sai do sistema pode ser descartada ou reutilizada na limpeza. Este modelo de jardim filtrante é para o saneamento básico rural, onde apenas a água cinza é tratada (Nirenberg; Reis, 2010; Philippi et al, 2007). 
A figura representa o esquema de como ficará o jardim filtrante após a montagem:

O manejo das plantas deve ser feito para evitar que as mesmas se reproduzam significativamente e saturem o sistema. Podem ser colocadas flores que suportem um meio saturado com água como copo de leite e lírio do brejo, além de ornamentos como pedras brancas, para fim de paisagismo (SILVA, 2013). 

Referências Bibliográficas:
Nirenberg, Larissa Paranhos; Reis, Ricardo Prado Abreu. Avaliação do desempenho de sistema de reuso de água de uma edificação unifamiliar em Goiânia- GO. Revista eletrônica de engenharia civil, v. 1, 1-13, fev 2010. Disponível em <http://goo.gl/0PfBsU>. Acesso em: 14 out. 2014.
Philippi, Luiz Sérgio, et al. Eficácia dos sistemas de tratamento de esgoto doméstico e de água para consumo humano utilizando wetlands considerando períodos diferentes de instalação e diferentes substratos e plantas utilizados. 62 f Categoria do Trabalho Acadêmico (pesquisa científica)- Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade Federal de Santa Catarina, 2007. Disponível em <file:///C:/Users/P%C3%A2mela/Downloads/Pesquisa%20sobre%20Eflentes%20Dom%C3%A9sticos%20-%20UFSC.pdf>. Acesso em: 14 out. 2014.
SILVA, Wilson Tadeu Lopes. Jardim Filtrante: O que é como funciona. In: Curso de saneamento básico rural, 2013, São Carlos. Disponível em <http://goo.gl/TGzUCt>. Acesso em: 14 out. 2014. 


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